domingo, 21 de dezembro de 2008

Reflexões

Quanto tempo cabe
Nessa hora que me carrega
Nesse tempo que me aprisiona
Na solidão que afirma
Na mão que nega?

Quanto tempo cabe
Em mim e no resto do mundo
No intervalo entre o riso e o soluço?

Quanto tempo cabe
Nesse instante
E no outro?
Numa poesia, num assobio...
No último suspiro de um morto?

Quanto tempo cabe
Na imensidão terrestre
No amadurecimento
De frutas silvestres
Na coloração de um verde agreste?

Quanto tempo cabe
No espaço de uma página lida à outra virgem?
Num beijo breve, num abraço carente?
Quanto tempo cabe na gente?

O tempo que cabe em mim
Não é o tempo que cabe em ti
E o que sinto dentro de mim
Aqui se esvai...
Daí o desencontro
Daí o tempo ser tão pesado e cruel
O amor se vai com o vento:
devagar.
Enquanto eu divago neste papel
a te esperar

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